Estórias da
fazendinha
por José
Valizi (publicado em 04/05/2016)
Considero-me uma
pessoa de sorte porque aqui na minha fazendinha acontecem coisas
que fazem a alegria das pessoas. Mas alguns fatos são tão
estranhos que fica difícil acreditar; mas é tudo verdade.
Abaixo, vou recordar alguns deles.
As galinhas e os ovos de chocolate
Durante a
quaresma a gente tratava as galinhas com chocolate em
pó, misturado no cocho, com a ração das galinhas. Então,
quando chegava a época da Páscoa, as galinhas botavam um
montão de ovos de chocolate. Tinha ovo de Páscoa de todo
tamanho. Algumas galinhas conseguiam botar ovo de até 5
quilos, porque a gente colocava também um pouco de
fermento misturado ao chocolate em pó. Dava para encher
balaios e mais balaios de ovos de chocolate para
distribuir à garotada na época da Páscoa. Era uma
alegria só; coisa impressionante...
O
abacateiro
Aqui na
fazendinha tem muitos pés de frutas, inclusive muitos
abacateiros. Só que um deles é diferente: os abacates
não têm caroço. A gente parte o abacate e, no lugar do
caroço, ele vem recheado de bombons, balas, doces... A
meninada faz a festa com esse pé de abacate aqui da
fazenda. Inclusive, já teve criança, que era filha de
ouvinte do programa Fazendinha do Valizi, dando birra
porque queria um abacate desses...
Ilustração:
Maria Eduarda Pimenta Zanquetta (9 anos)

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Pé de dinheiro
O bom da
minha fazendinha é que muita coisa dá em árvore; e não é
só fruta, não; até pé de dinheiro tem aqui. A árvore dá
notas de cinquenta, de cem, mas não vinga porque o
dinheiro que ela produz fica chocho, e não dá para
aproveitar. A árvore de dinheiro só serve mesmo para
enfeitar o terreiro da fazendinha. Ela dá uma florada,
uma carga grande, que é a coisa mais bonita; mas o
dinheiro que é bom, não tem valor nenhum porque é
chocho...
O
ninho dos passarinhos
Aqui na
fazendinha é tudo atrapalhado mesmo. O que não falta são
árvores para a passarada fazer os seus ninhos, mas a
danada da "fogo-apagou" (para quem não sabe é uma ave,
parecida com a rolinha), quando encontra a janela da
casa aberta, vai fazer o seu ninho dentro da lata de
açúcar. Então, a gente não pode descuidar e esquecer a
lata de açúcar aberta que a fogo-apagou começa a
construir o ninho lá dentro. Uma vez até aconteceu algo
engraçado; a dona Ricardina, que tomava conta aqui da
cozinha da fazendinha, enfiou uma xícara dentro da lata,
sem prestar atenção, para pegar um pouco de açúcar para
fazer o café e, em vez da xícara sair cheia de açúcar,
saiu foi com o ninho da fogo-apagou; e a danadinha da
ave era tão sossegada que nem saiu voando de susto; veio
junto com o ninho também...
O
leite da fazendinha
E por
falar em açúcar, a gente costumava colocar um pouco no
cocho para o gado comer. As vacas comiam o açúcar e já
davam o leite docinho, não precisava nem adoçar. Quanto
mais açúcar a gente botava no cocho, mais docinho o
leite saía...
Ilustração:
Maria Eduarda Pimenta Zanquetta (9 anos)

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